Após criticar o PT, Cid Gomes diz que "Haddad é infinitamente melhor que Bolsonaro"
Em evento de apoio ao petista, na noite de segunda (15), Cid Gomes disse que se o partido não fizer "mea culpa", será "bem feito perder a eleição".
Um dia após fazer críticas ao PT, o senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) disse no Facebook que o candidato do partido à Presidência, Fernando Haddad, "é infinitamente melhor que o Bolsonaro".
"Comparei os dois nomes que estão no 2º turno. O Haddad é infinitamente melhor que o Bolsonaro. Eu não quero me vingar de ninguém. Para o Brasil o menos ruim é o Haddad. Por isso penso que seria melhor que ele ganhasse", escreveu Cid, que é irmão do terceiro colocado na disputa presidencial, Ciro Gomes (PDT).
Em Fortaleza, na noite desta segunda-feira (15), Cid recebeu vaias ao dizer, durante um evento de apoio a Haddad, que o PT deveria fazer um "mea culpa" e que, se não fizer isso, será "bem feito perder a eleição" para Jair Bolsonaro (PSL). O senador eleito também afirmou que o partido "criou" Bolsonaro.
Ainda assim, ele fez elogios a Haddad durante o evento. "Eu conheço o Haddad, é uma boa pessoa, tenho zero problemas de votar no Haddad, é uma boa pessoa, mas fica algum companheiro do PT que me suceda aqui na fala, se quiser dar um exemplo para o país, tem que fazer um "mea culpa", tem que pedir desculpas, tem que ter humildade de reconhecer que fizeram muita besteira", declarou (veja abaixo).
Segundo o colunista Gerson Camarotti, o vídeo com as críticas de Cid Gomes causou forte desconforto à campanha de Fernando Haddad. O candidato do PT à Presidência esperava um gesto de apoio de Cid e de Ciro Gomes (PDT), que viajou para o exterior.
No post publicado nesta terça-feira (16), Cid explicou por que falou em "mea culpa". "Creio que a única forma de ajudar a evitar que essa ânsia popular de negação coloque o país numa aventura obscurantista seria uma profunda autocrítica da companheirada seguida de um encarecido e sincero pedido de desculpas. Na sequência uma palavra firme do Haddad de que governará suprapartidariamente. Será pedir demais? Muita ingenuidade? Penso assim pelo Brasil! Ajo assim pelos brasileiros!"
Haddad diz que prefere olhar "lado positivo"
Em entrevista à imprensa, em São Paulo, Haddad foi questionado nesta terça-feira (16) sobre a declaração do Cid.
"Essa coisa é meio acalorada, mas eu não vou ficar comentando isso até porque eu tenho uma amizade pessoal com o Cid, ele fez elogios à minha pessoa, prefiro sempre olhar pelo lado positivo", afirmou o petista.
Indagado mais uma vez sobre sua opinião sobre as críticas feitas por Cid ao PT e aos militantes do partido, Haddad preferiu amenizar.
"Eu não comentar o vídeo porque eu não vi todo, no que me diz respeito a amizade com o Cid é a mesma e o apreço é o mesmo", ressaltou.
Camilo nega crise
O governador reeleito no Ceará, Camilo Santana (PT), negou que o bate-boca de seu aliado Cid Gomes (PDT) com militantes petistas tenha provocado uma crise entre os dois partidos no Estado.
Ao ser questionado se foi um erro de estratatégia do PT não apoiar Ciro no primeiro turno, o governador se limitou a dizer que não vai discutir isso agora e que o foco é "trabalhar" no segundo turno em prol de Haddad. Para ele, a candidatura de Bolsonaro é um "desastre" para o Brasil.
"O que está em jogo aí não é PT, não é partido, não é A ou B, o que está em jogo é o Brasil e, na minha opinião, um desastre para o Brasil, o Bolsonaro. Primeiro, porque ele é antidemocrático, é reacionário, discrimina as pessoas. Respeito o direito de todo mundo votar livremente escolher os seus candidatos, mas é importante nesse momento a população fazer uma reflexão. Eu não quero que meus filhos tenham um presidente onde o símbolo dele é mostrar uma arma", disse. |